4 Princípios fundamentais e determinação das características gerais
4.1 Princípios fundamentais
Os princípios que orientam os objetivos e as prescrições desta Norma são relacionados em 4.1.1 a 4.1.15.
4.1.1 Proteção contra choques elétricos
As pessoas e os animais devem ser protegidos contra choques elétricos, seja o risco associado a contato acidental com parte viva perigosa, seja a falhas que possam colocar uma massa acidentalmente sob tensão.
4.1.2 Proteção contra efeitos térmicos
A instalação elétrica deve ser concebida e construída de maneira a excluir qualquer risco de incêndio de materiais inflamáveis, devido a temperaturas elevadas ou arcos elétricos. Além disso, em serviço normal, não deve haver riscos de queimaduras para as pessoas e os animais.
4.1.3 Proteção contra sobrecorrentes
As pessoas, os animais e os bens devem ser protegidos contra os efeitos negativos de temperaturas ou
solicitações eletromecânicas excessivas resultantes de sobrecorrentes a que os condutores vivos possam ser submetidos.
4.1.4 Circulação de correntes de falta
Condutores que não os condutores vivos e outras partes destinadas a escoar correntes de falta devem poder suportar essas correntes sem atingir temperaturas excessivas.
NOTAS
1 Convém lembrar que tais partes estão sujeitas à circulação desde pequenas correntes de fuga a correntes de falta direta à terra ou à massa, passando por correntes de falta de intensidade inferior à de uma falta direta.
2 No caso dos condutores vivos, considera-se que sua suportabilidade às correntes de falta deve ser assegurada mediante proteção contra sobrecorrentes, como enunciado em 4.1.3.
4.1.5 Proteção contra sobretensões
As pessoas, os animais e os bens devem ser protegidos contra as conseqüências prejudiciais de ocorrências que possam resultar em sobretensões, como faltas entre partes vivas de circuitos sob diferentes tensões, fenômenos atmosféricos e manobras.
4.1.6 Serviços de segurança
Equipamentos destinados a funcionar em situações de emergência, como incêndios, devem ter seu
funcionamento assegurado a tempo e pelo tempo julgado necessário.
4.1.7 Desligamento de emergência
Sempre que forem previstas situações de perigo em que se faça necessário desenergizar um circuito, devem ser providos dispositivos de desligamento de emergência, facilmente identificáveis e rapidamente manobráveis.
4.1.8 Seccionamento
A alimentação da instalação elétrica, de seus circuitos e de seus equipamentos deve poder ser seccionada para fins de manutenção, verificação, localização de defeitos e reparos.
4.1.9 Independência da instalação elétrica
A instalação elétrica deve ser concebida e construída livre de qualquer influência mútua prejudicial entre instalações elétricas e não elétricas.
4.1.10 Acessibilidade dos componentes
Os componentes da instalação elétrica devem ser dispostos de modo a permitir espaço suficiente tanto para a instalação inicial quanto para a substituição posterior de partes, bem como acessibilidade para fins de operação, verificação, manutenção e reparos.
4.1.11 Seleção dos componentes
Os componentes da instalação elétrica devem ser conforme as normas técnicas aplicáveis e possuir
características compatíveis com as condições elétricas, operacionais e ambientais a que forem submetidos.Se o componente selecionado não reunir, originalmente, essas características, devem ser providas medidas compensatórias, capazes de compatibilizá-las com as exigências da aplicação.
4.1.12 Prevenção de efeitos danosos ou indesejados
Na seleção dos componentes, devem ser levados em consideração os efeitos danosos ou indesejados que o componente possa apresentar, em serviço normal (incluindo operações de manobra), sobre outros componentes ou na rede de alimentação. Entre as características e fenômenos suscetíveis de gerar perturbações ou comprometer o desempenho satisfatório da instalação podem ser citados:
- o fator de potência;
- as correntes iniciais ou de energização;
- o desequilíbrio de fases;
- as harmônicas.
4.1.13 Instalação dos componentes
Toda instalação elétrica requer uma cuidadosa execução por pessoas qualificadas, de forma a assegurar,entre outros objetivos, que:
- as características dos componentes da instalação, como indicado em 4.1.11, não sejam
comprometidas durante sua montagem;
- os componentes da instalação, e os condutores em particular, fiquem adequadamente identificados;
- nas conexões, o contato seja seguro e confiável;
- os componentes sejam instalados preservando-se as condições de resfriamento previstas;
- os componentes da instalação suscetíveis de produzir temperaturas elevadas ou arcos elétricos
fiquem dispostos ou abrigados de modo a eliminar o risco de ignição de materiais inflamáveis; e
- as partes externas de componentes sujeitas a atingir temperaturas capazes de lesionar pessoas
fiquem dispostas ou abrigadas de modo a garantir que as pessoas não corram risco de contatos
acidentais com essas partes.
4.1.14 Verificação da instalação
As instalações elétricas devem ser inspecionadas e ensaiadas antes de sua entrada em funcionamento, bem como após cada reforma, com vista a assegurar que elas foram executadas de acordo com esta Norma.
4.1.15 Qualificação profissional
O projeto, a execução, a verificação e a manutenção das instalações elétricas devem ser confiados somente a pessoas qualificadas a conceber e executar os trabalhos em conformidade com esta Norma.
4.2 Determinação das características gerais
Na concepção de uma instalação elétrica devem ser determinadas as seguintes características:
a) utilização prevista e demanda (ver 4.2.1);
b) esquema de distribuição (ver 4.2.2);
c) alimentações disponíveis (ver 4.2.3);
d) necessidade de serviços de segurança e de fontes apropriadas (ver 4.2.4);
e) exigências quanto à divisão da instalação (ver 4.2.5);
f) influências externas às quais a instalação for submetida (ver 4.2.6);
g) riscos de incompatibilidade e de interferências (ver 4.2.7);
h) requisitos de manutenção (ver 4.2.8).
4.2.1 Utilização e demanda - Potência de alimentação
4.2.1.1 Generalidades
4.2.1.1.1 A determinação da potência de alimentação é essencial para a concepção econômica e segura de uma instalação, dentro de limites adequados de elevação de temperatura e de queda de tensão.
4.2.1.1.2 Na determinação da potência de alimentação de uma instalação ou de parte de uma instalação devem ser computados os equipamentos de utilização a serem alimentados, com suas respectivas potências nominais e, em seguida, consideradas as possibilidades de não-simultaneidade de funcionamento destes equipamentos, bem como capacidade de reserva para futuras ampliações.
4.2.1.2 Previsão de carga
A previsão de carga de uma instalação deve ser feita obedecendo-se às prescrições de 4.2.1.2.1 a 4.2.1.2.3.
4.2.1.2.1 Geral:
a) a carga a considerar para um equipamento de utilização é a potência nominal por ele absorvida, dada pelo fabricante ou calculada a partir da tensão nominal, da corrente nominal e do fator de potência;
b) nos casos em que for dada a potência nominal fornecida pelo equipamento (potência de saída), e não a absorvida, devem ser considerados o rendimento e o fator de potência.
4.2.1.2.2 Iluminação:
a) as cargas de iluminação devem ser determinadas como resultado da aplicação da ABNT NBR 5413;
b) para os aparelhos fixos de iluminação a descarga, a potência nominal a ser considerada deve incluir a potência das lâmpadas, as perdas e o fator de potência dos equipamentos auxiliares.
NOTA Em 9.5.2.1 são fixados critérios mínimos para pontos de iluminação em locais de habitação.
4.2.1.2.3
Pontos de tomada:
a) em locais de habitação, os pontos de tomada devem ser determinados e dimensionados de acordo com 9.5.2.2;
b) em halls de serviço, salas de manutenção e salas de equipamentos, tais como casas de máquinas, salas de bombas, barriletes e locais análogos, deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada de uso geral.
Aos circuitos terminais respectivos deve ser atribuída uma potência de no mínimo 1000 VA;
c) quando um ponto de tomada for previsto para uso específico, deve ser a ele atribuída uma potência igual à potência nominal do equipamento a ser alimentado ou à soma das potências nominais dos
equipamentos a serem alimentados. Quando valores precisos não forem conhecidos, a potência
atribuída ao ponto de tomada deve seguir um dos dois seguintes critérios:
- potência ou soma das potências dos equipamentos mais potentes que o ponto pode vir a alimentar, ou
- potência calculada com base na corrente de projeto e na tensão do circuito respectivo;
d) os pontos de tomada de uso específico devem ser localizados no máximo a 1,5 m do ponto previsto para a localização do equipamento a ser alimentado;
e) os pontos de tomada destinados a alimentar mais de um equipamento devem ser providos com a
quantidade adequada de tomadas.
4.2.2 Esquema de distribuição
O esquema de distribuição pode ser classificado de acordo com os seguintes critérios:
a) esquema de condutores vivos;
b) esquema de aterramento.
4.2.2.1 Esquema de condutores vivos
São considerados os seguintes esquemas de condutores vivos:
a) corrente alternada:
monofásico a dois condutores
monofásico a três condutores;
bifásico a três condutores;
trifásico a três condutores;
trifásico a quatro condutores;
b) corrente contínua:
dois condutores;
três condutores.
4.2.2.2 Esquema de aterramento
Nesta Norma são considerados os esquemas de aterramento descritos em 4.2.2.2.1 a 4.2.2.3, cabendo as seguintes observações sobre as ilustrações e símbolos utilizados:
a) as figuras 1 a 5, que ilustram os esquemas de aterramento, devem ser interpretadas de forma genérica. Elas utilizam como exemplo sistemas trifásicos. As massas indicadas não simbolizam um único, mas sim qualquer número de equipamentos elétricos. Além disso, as figuras não devem ser vistas com conotação espacial restrita. Deve-se notar, neste particular, que como uma mesma instalação pode eventualmente abranger mais de uma edificação, as massas devem necessariamente compartilhar o mesmo eletrodo de aterramento, se pertencentes a uma mesma edificação, mas podem, em princípio, estar ligadas a eletrodos de aterramento distintos, se situadas em diferentes edificações, com cada grupo de massas associado ao eletrodo de aterramento da edificação respectiva. Nas figuras são utilizados os seguintes símbolos:
b) na classificação dos esquemas de aterramento é utilizada a seguinte simbologia:
primeira letra - Situação da alimentação em relação à terra:
· T = um ponto diretamente aterrado;
· I = isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento de um ponto através de
impedância;
OBS: Para alimentação as duas possíveis letras são T ou I
segunda letra - Situação das massas da instalação elétrica em relação à terra:
· T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento eventual de um ponto da
alimentação;
· N = massas ligadas ao ponto da alimentação aterrado (em corrente alternada, o ponto aterrado é
normalmente o ponto neutro);
OBS: Para as massas as duas possíveis letras são T ou N.
outras letras (eventuais) Disposição do condutor neutro e do condutor de proteção:
· S = funções de neutro e de proteção asseguradas por condutores distintos;
· C = funções de neutro e de proteção combinadas em um único condutor (condutor PEN).
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